Resenha: Viva para contar

Título: Viva para contar
Autor(a): Lisa Gardner
Editora: Novo Conceito
ISBN:   9788581630168
Ano: 2012
Número de páginas: 479
Skoob

Em uma noite quente de verão, em um bairro de classe média de Boston, um crime inimaginável foi cometido: quatro membros da mesma família foram brutalmente assassinados. O pai — e possível suspeito — agora está internado na UTI de um hospital, entre a vida e a morte. Seria um caso de assassinato seguido por tentativa de suicídio? Ou algo pior? D. D. Warren, investigadora veterana do departamento de polícia, tem certeza de uma coisa: há mais elementos neste caso do que indica o exame preliminar. Danielle Burton é uma sobrevivente, uma enfermeira dedicada cujo propósito na vida é ajudar crianças internadas na ala psiquiátrica de um hospital. Mas ela ainda é assombrada por uma tragédia familiar que destruiu sua vida no passado. Quase 25 anos depois do ocorrido, quando D. D. Warren e seu parceiro aparecem no hospital, Danielle imediatamente percebe: vai acontecer tudo de novo. Victoria Oliver, uma dedicada mãe de família, tem dificuldades para lembrar exatamente o que é ter uma vida normal. Mas fará qualquer coisa para garantir que seu filho consiga ter uma infância tranquila. Ela o amará, independentemente do que aconteça. Irá protegê-lo e lhe dar carinho. Mesmo que a ameaça venha de dentro da sua própria casa. Na obra de suspense mais emocionante de Lisa Gardner, autora best-seller do The New York Times, a vida dessas três mulheres se desdobra e se conecta de maneiras inesperadas. Pecados do passado são revelados e segredos assustadores mostram a força que os laços de família podem ter. Às vezes, os crimes mais devastadores são aqueles que acontecem mais perto de nós.

Minha opimião

Esse livro foi cedido pela Editora Novo Conceito.

Um livro eletrizante e totalmente imprevisível.

Em Viva Para Contar nos deparamos com os dramas pais com crianças com distúrbios psiquiátricos, a investigação de um assassinato de uma família e o drama de uma sobrevivente.

Danielle Burtton é a única sobrevivente da tragédia que acabou com a sua família, seu pai matou todos os membros de sua família e se matou, deixando ela aos cuidados de sua tia. Ela teve com conviver durante os últimos 24 anos com a dúvida de  porque só ela sobreviveu, porque seu pai não a matou. E quando chega próximo de a tragédia completar 25 anos - assim como em todo aniversário da tragédia - seus fantasmas estão de volta e de forma mais assustadora do que nunca. Ela se tornou enfermeira psiquiátrica e trabalha com crianças que tiveram sua infância de certa maneira interrompida por conta de doenças ou grandes traumas, nitidamente para tentar compensar tudo o que ela mesma viveu.

D. D. Warren uma investigadora de polícia extremamente eficaz no que faz, tem sua noite romântica interrompida, - a primeira em que conseguiu planejar depois de muito tempo - quando seu pager toca anunciando uma grande tragédia, uma família em um bairro nobre foi brutalmente assassinada. De início tudo parece óbvio, o pai matou toda família e tentou se matar, ficando gravemente ferido na UTI.

Victoria Oliver é uma dedicada mãe de família que faz tudo para a felicidade de Evan, seu filho de 8 anos com grandes problemas psicológicos e uma infância conturbada por conta disso. Por conta dessa dedicação, seu marido a abandona e leva embora sua filha de 6 anos, Chelsea porque não aguenta mais por em risco a vida de sua filha por conta da instabilidade emocional de Evan.

As vidas dessas três mulheres começam a se cruzar quando a investigadora D. D. Warren descobre que tanto no primeiro assassinato, quanto no segundo que acontece no decorrer da estória tinham duas crianças com distúrbios similares aos de Evan e perdiam o controle de suas emoções. Na tentativa de resolver o mistério que cerca essas mortes, todos descobrem que ambas crianças passaram por tratamento na mesma unidade em que Danielle trabalha e vem a dúvida: será que realmente ela não tem nada haver com os crimes? Por que os crimes são tão similares ao drama da vida dela?

Em um suspense muito bem escrito, Lisa Gardner nos presenteia com os dramas de Daniele e Victória, além da determinação invejável de D.D. para esclarecer o que aconteceu. Em algumas partes a autora te deixa pensar que você sabe exatamente o que vem a seguir para logo em seguida te surpreender com os acontecimentos. 

Danielle mesmo após quase 25 anos após a tragédia ter acabado com sua família e muitos anos de terapia, não consegue superar a dor. Talvez isso aconteça porque ela se nega a lembrar o que aconteceu e enterrar de vez aquele dia. Em alguns momentos, achei que o fato de ela trabalhar com crianças traumatizadas piorava a sua recuperação, mas percebi que era uma forma de compensação.

Com a Victoria eu me senti próxima e cheguei até a chorar em alguns momentos, afinal sei que ser mãe e ter que escolher um dos filhos não deve ser fácil, mas na situação em que ela está é bem mais difícil. Afinal, como escolher entre um filho saudável e outro doente em que você se sente com mais obrigações e sabe que ele precisa de mais cuidados? Impossível. Mesmo Evan sendo uma ameaça constante a ela e ter um humor imprevisível, passando do amor ao ódio em instantes, não é fácil negar todo o amor sentindo desde a gestação até agora. A cada página estive com a expectativa se ele ia ou não machucá-la naquele momento.

D. D. é uma solteirona durona e inteiramente dedicada ao seu trabalho que tem momentos cômicos relacionados a falta de sexo - algo que ela deixa nítido em seus pensamentos. Acredito que a autora colocou isso pra deixar a personagem um tanto mais leve e mais fácil de ser compreendida.

A narrativa é dividida em capítulos sobre a vida de cada personagem e também de outros personagens como a garotinnha Lucy de 9 anos que se torna mais calma ao assumir a personalidade de um gato. Nas partes sobre Danielle e Victória são sempre em primeira pessoa e isso permite sentir as frustrações e angustias pelas quais elas passam e nos aproximarmos mais dos seus sentimentos.

Não consegui separar muitos quotes pois os mais marcantes para mim contém spoilers e eu não quero quue vocês deixem de ler esse livro incrível, mas aqui vai alguns para vocês sentirem um pouco do livro.

Ás vezes o fantasma lhe diz coisas. Por exemplo, às vezes, o fantasma diz que ele deve me matar.

Página 64

Essas crianças eram mais forte que nós. Mais corajosas que nós. E é por isso que as amamos tanto.

Página 147

"Uma criança é como um floco de neve". É a primeira coisa que se aprende em uma escola de enfermagem pediátrica.(...) Cada uma é única e totalmente diferente das outras. Perca uma e a perca será imensa, pois nunca haverá outra realmente igual a ela.

Página 269

Eles gostariam que você soubesse que nem todos os garotos que não conseguem ficar parados por um minuto são indisciplinados. Nem todas as crianças que se recusam a dormir são malcriadas. E nem todas as crianças que gritam a plenos pulmões são desobedientes.

Página 477

Recomendo todos a viajarem como eu nesse livro e entenderem um poouco mais sobre essas crianças com distúrbios psicológicos.