Resenha: A canção de Aquiles

Título: A canção de Aquiles
Autor(a): Madeline Miller
Editora: Jangada
ISBN: 9788564850330
Páginas: 392
Ano: 2013
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Baseada na Ilíada, esta obra é uma reconstituição da épica Guerra de Troia. O tímido príncipe Pátroclo é exilado no reino de Fítia, onde cresce à sombra do rei Peleu e de seu extraordinário filho, Aquiles. Apesar de suas diferenças, os meninos logo se tornam companheiros inseparáveis. Os laços entre eles se aprofundam à medida que se tornam adolescentes e hábeis nas artes da guerra e da medicina – para desagrado e irritação da mãe de Aquiles, Tétis, uma cruel deusa marinha que odeia os mortais. Quando se espalha a notícia de que Helena de Esparta foi raptada, os homens da Grécia, ligados por um juramento de sangue, têm de partir para invadir Troia e salvar Helena. Seduzido pela promessa de um destino glorioso, Aquiles junta-se à causa. Pátroclo, dividido entre o afeto e o temor por seu amigo, acompanha-o. Mal sabem eles que os deuses do destino os colocarão à prova como nunca antes, exigindo deles um terrível sacrifício.

Esse livro foi cedido para resenha pelo Grupo Editorial Pensamento.

Para quem conhece um pouco de mitologia ou já leu a Ilíada de Homero, sabe um pouco sobre quem foi Aquiles, um grande herói grego filho de uma deusa marinha Tétis que desteta os humanos, com o rei Peleu, um rei muito bondoso com seu povo. Nesse livro, a autora se baseia em alguns acontecimentos da Ilíada para criar sua história, mas seu maior foco é falar sobre a vida de Aquiles como já fica claro no título, e um pouco de sua relação com Pátroclo, que já foi abordada de diversas formas, mas ainda não se tem a exatidão dessa relação.

Apesar de o título do livro falar de Aquiles, o livro se inicia com história de Pátroclo e seu conturbado relacionamento com seu pai o rei Menécio, que sempre deixa claro que não tem nenhum orgulho do filho - e nem de sua mãe. Após um acidente grave envolvendo ele e outro garoto, sem precisar ser muito pressionado pelo pai do outro garoto, o pai o exila e é adotado pelo rei Peleu. E é assim que o improvável acaba acontecendo, mesmo Aquiles sendo rodeado de meninos muito mais espertos do que ele, por algum motivo - talvez pela ousadia dele em alguns encontros dos dois - ele é escolhido por ele para lhe fazer companhia e nasce uma grande amizade entre os dois a partir de então.

Foi assim que completei 10 anos: como órfão. Foi assim que cheguei a Fítia.
Página 25

Eu confesso que não tinha expectativas altas com  esse livro, talvez por ele ser premiado ou por ter visto alguns elogios dele no GoodReads ou, até mesmo, pelo receio em relação a forma como a autora abordaria os sentimentos de Pátroclo e Aquiles, ainda bem que consequentemente eu pude ser surpreendida desde as primeiras páginas pois a narrativa da autora me conquistou já no primeiro capítulo. Se por um lado foi bom, por outro foi péssimo em alguns momentos da leitura, porque na parte em que efetivamente começam as batalhas no livro eu não consegui me envolver com elas. Coisa minha mesmo, eu não sou muito chegada em detalhamentos de como a espada entra e sai dos guerreiros.

- Lei nenhuma obriga os deuses a serem justos, Aquiles - sentenciou Quíron. - E talvez o maior dos males, no fim de contas, seja ficar na terra quando um ente querido se foi. Não acha?
Página 91

A forma como a autora aborda os deuses com suas profecias e exigência de sacrifícios, é muito boa. Mesmo que o leitor nunca tenha se interessado em saber algo a respeito disso, não vai ficar perdido durante a leitura porque de uma forma bem simples, ela retrata a relação tanto dos gregos como dos troianos com seus deuses. Por tudo que eu disse, pode parecer que a narrativa é cansativa, mas ela não é. A narrativa flui de forma suave e você se conecta com as emoções de Pátroclo logo de cara quando ele começa a contar a sua história, sua família e desabafar sobre as suas inseguranças. Não é a toa que o livro é premiado, a escrita da autora realmente é maravilhosa.

Vários outros personagens tem importância no decorrer da história como Quíron, um centauro que ensina os garotos na adolescência sobre a guerra, as plantas e a medicina. Ou Briseida, a jovem que é salva por Aquiles por intermédio Pátroclo, que acaba nutrindo uma amizade muito especial por esse segundo. Esses dois personagens tem diálogos muito importantes com os protagonistas ao longo da história e me cativaram tanto quanto os dois. A narrativa é toda em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Pátroclo e foi exatamente isso que o livro me conquistou, me conectei com todas as emoções dele e isso com certeza influenciou muito no ritmo da minha leitura e no meu aproveitamento.

Falando agora em diagramação, a capa é simples mas tem sentindo com a história e de todas que eu vi foi a que eu mais gostei, acho que nenhuma outra daria certo no Brasil. As páginas são amareladas, com fonte bem confortável para a leitura. Recomendo pra quem gosta de histórias com fatos sobre os deuses gregos, guerras, etc. ou pra quem nunca leu algo do gênero para conhecer.

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