Livros que nos fazem pensar... muito
Sabe aquele clássico de Dostoiévski que você sempre quis ler mas tem medo de ser complicado demais? Ou então uma obra qualquer de Saramago cuja a a sinopse você adorou mas que mal consegue começar sem ficar completamente perdido(a)? Essa é a hora para ler esses livros. Descobri que quanto mais tenho que pensar naquilo que estou lendo, menos penso em qualquer outra coisa, o que faz com que eu me sinta melhor.
Nos meses de junho e julho li a trilogia A Revolta de Atlas, de Ayn Rand inteira, o que dá facilmente mais de mil e duzentas páginas. São três livros extremamente ricos em conteúdo, mesmo que velhos em idade, e nos fazem refletir sobre nossos objetivos na vida, sobre o que queremos conquistar, que tipo de ser humano gostaríamos de ser e sobre a própria natureza do bem e do mal que existe em nós e em nossas ações. Me faltam palavras boas o suficiente para descrever o quanto essa trilogia significa hoje para mim. Não só por ser tão genialmente escrita, mas também por me tirar um pouco de minha própria tristeza para me levar a questionamentos os quais nunca havia nem sequer imaginado.
Pensou - com surpresa e amargura, e pela primeira vez - que o orgulho exultante que antes sentia vinha do respeito que ele tinha pelos homens, pelo valor de sua admiração e de seu julgamento. Não sentia mais nada. Não havia homens cujos olhos ele quisesse que vissem aquele anúncio.A Revolta de Atlas, Vol. II, pág. 124
Livros cujos os personagens estão numa situação pior do que a nossa
Existe um aspecto muito bom da ficção, que é ver tudo quanto é tipo de coisa ruim acontecendo na vida das pessoas e saber que nada daquilo vai acontecer com você (provavelmente). Para mim, ler uma boa trama com personagens passando pelos piores pesadelos possíveis, mesmo sabendo que é tudo falso, me da um certo alívio por não estar na pele deles. É como se eu descobrisse através deles que tudo poderia estar bem pior e que eu poder ter o conforto de um lar com comida quentinha, um quarto só meu e um bom livro, tudo isso sem ter que lutar pela minha sanidade contra algum horror de uma era imemorável, já é um sinal de que nem tudo está tão ruim como poderia estar.
Livros nos quais os personagens se dão muito mal o tempo todo existem aos montes (quase qualquer obra de Stephen King se encaixa nessa descrição) mas o que eu tenho devorado ultimamente é uma compilação de vários contos de H. P. Lovecraft pela editora brasileira Clock Tower, chamada O Mundo Fantástico de H. P. Lovecraft. Um dos grandes mestres do horror que é tido como inspiração para muitos autores até hoje (incluindo o próprio Stephen King), Lovecraft tem um jeito único de criar situações completamente bizarras nas quais um simples ângulo na parede de um quarto pode ter todo um significado místico e assombroso. A linguagem rebuscada, típica da época na qual os contos foram escritos, pode ser um problema no início mas logo ela se torna apenas mais um detalhe na construção desse fantástico mundo.
O velho Castro lembrou algumas lendas medonhas que empalideceriam as especulações dos teosofistas e fariam o homem e o mundo parecerem algo recente e passageiro. Fazia eras que outras Coisas dominaram a terra, e Elas tiveram grandes Cidades.O Mundo Fantástico de H. P. Lovecraft, pág. 57
Livros que falam sobre a vida dos outros
Não, não são livros de fofoca (temos twitter para isso). Uma boa biografia das pessoas que eu admiro se provou um excelente meio para ocupar a cabeça. Saber como foi a vida dessas pessoas, quais decisões elas tomaram, quais erros cometeram e como chegaram ao ponto em que chegaram meio que as coloca no mesmo patamar que eu e me ajuda a ver que somos todos pessoas comuns, no final. Muitos erros que elas cometeram eu jamais cometeria, assim como muitos feitos que elas souberam realizar eu nem saberia por onde começar. E assim caminha a humanidade.
Nesse quesito eu não tenho como recomendar muita coisa, pois cada um sabe de seus próprios ídolos. As que adquiri são a de José Saramago, um dos escritores que mais admiro, e de Mahatma Gandhi, por ele ser uma pessoa ao mesmo tempo simples e ambiciosa.
Gandhi era duma vasta atividade e profunda passividade, e tudo que ele dava a seus semelhantes, na horizontal, recebera-o de Deus, na vertical.Mahatma Gandhi O Apóstolo da Não Violência, pág. 11
Bem, é isso. Expus aqui um pouco da maneira como estou lidando com o meu luto e espero ajudar alguém que possa estar passando pela mesma coisa. No mais, pretendo me esforçar e passar a postar por aqui mais regularmente, mesmo porque é outro jeito de me distrair. Então, até a próxima.
Paz.
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